sexta-feira, 28 de março de 2014

Festival de Teatro movimenta cena cultural curitibana

Cerca de 200 mil espectadores são aguardados para as apresentações dessa temporada

Reportagem Ingridy Digner

As penúrias e dificuldades do teatro no Brasil já são conhecidas. Mas, em época de Festival, esses fantasmas são expulsos e a capital abre as portas para receber mais de 400 espetáculos. O evento só começou na última quarta, dia 26, mas a preparação tem início meses antes e é frenética, sempre buscando a perfeição, na tentativa de cativar esses espectadores para que se encantem pelo teatro e voltem ao longo do ano.

A rotina dos atores e “Staff” é bem corrida, mas ainda assim a maioria deles faz questão de prestigiar outras peças e desfrutar do festival. “Tenho que correr pela cidade porque, além dos ensaios, tem muitas peças que quero assistir. Mas vale a pena no final, o número de peças na cidade praticamente triplica e por onde você passa você vê gente atuando, inclusive na rua, e é lindo”, conta Caroline Canei, 18, que além de protagonista em duas peças do festival ainda é espectadora assídua.

A cidade entra numa temporada de agitação no espaço cultural e consegue atrair até mesmo os mais desligados do mundo das artes. É comum ouvir em meio ao público conversas sussurradas sobre como deveriam frequentar mais esse tipo de evento. E o que é ouvido, de forma bisbilhoteira, é confirmado nos números. Mais de 60% dos brasileiros nunca sequer foi a um teatro, segundo pesquisa do Ipea, Instituto de Pesquisa Econômica aplicada .“A gente acaba não adquirindo o hábito de vir pro teatro devido à correria do dia a dia mesmo, e também sempre tem aquele pé atrás de que as peças são geralmente mais direcionadas a um público mais elitizado”,diz Angela Mayer, 36, dona de casa e espectadora. Assim como ela, muitos dos que aproveitam o festival se dizem um pouco receosos. “Muita gente pensa que teatro é ‘coisa de gente rica’ ou ’coisa de gente culta’ e não é. Existem peças que custam cinco, dez reais, ou até de graça! Mais barato e mais interativo que o cinema. É uma visão que precisa ser quebrada para o teatro atingir um público maior de pessoas”, defende Caroline.

A proposta do festival é justamente expandir o alcance da cultura teatral a todos os setores da sociedade. Desde o início, o teatro possui a função essencial de transmitir algo para a platéia, algo que coloque o "dedo na ferida", seja na política, nos valores morais de cada um, ou na própria visão coletiva. E nesses 19 dias, os mais de 1500 espetáculos se propõe a fazer exatamente isso: levar mensagens diferenciadas para o público

Caroline interpretando a releitura da personagem clássica (Foto: Ana Chris Fotografia)

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Caroline fica em cartaz com as peças “Chapeuzinho Vermelho – O Musical”, no teatro Fernanda Montenegro, e com a comédia “Dentro da Prisão”, no teatro Paulo Autran. Todas as informações sobre esses e outros espetáculos estão no site do festival. A 23ª edição do evento, que atrai público e artistas do mundo todo, vai até o dia 13 de abril. As atrações vão acontecer em espaços fechados e também ao ar livre. "Ver tudo isso saindo do papel e tomando vida é inexplicável. Só não participa quem não quer", diz Caroline em meio chamados para dar continuidade aos ensaios. As previsões desse ano indicam que difícil vai ser encontrar quem não queira, para a felicidade de toda a indústria cultural da cidade.


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