sábado, 22 de março de 2014

Empadas recheadas de história

A Empada Original completou 38 anos, mas a história do estabelecimento vem de muito tempo atrás

Reportagem Bruno Vieira

    Joclene e as várias indicações da Empada Original (foto: Bruno Vieira)


Tradição. Essa é a palavra-chave para descrever a Empada Original, um pequeno estabelecimento no limite entre Centro e Mercês. No mesmo lugar desde 1977, a Empada Original é um negócio de família e passa de geração a geração. Alice Thereza Justs Ewy (77), Joseleine Justus Ewy (57) e Joclene Justus Ewy (54) – respectivamente mãe e filhas – administram a casa de empadas praticamente sozinhas, buscando sempre manter o processo de feitio dos salgados o mais artesanal possível.

O interior do local é pequeno, aconchegante e de decoração simples e caseira. O clima interiorano se sustenta ainda mais graças às mulheres da família, que constantemente ficam transitando entre as mesas e a cozinha, puxando papo com os clientes. Vários deles fiéis aos quitutes do local há muito tempo. Nas paredes diversos quadros com indicações ao Guia Veja Comer & Beber Curitiba – mais de cinco – graças a sua tradicional empada, e matérias antigas sobre o lugar. 

O estabelecimento foi fundado há 38 anos no dia de São José, 19 de março, como relembra Joclene, mas a tradição da família vem de muito antes . O seu avô, Otto, trabalhava nos correios, em Ponta Grossa, mas sempre que tinha oportunidade fazia empadas para festas de aniversário e outras comemorações. Durante a Segunda Guerra Mundial, teve que largar o emprego devido às adversidades da guerra, e resolveu se arriscar a viver de empadinhas. “Um dia ele fez umas 50 empadas e chamou um vendedor para vender elas. Mas ele acabou vendendo só uma empada e devolveu as outras 49 pro meu pai”, comenta Joclene.

No entanto, graças ao boca-a-boca do primeiro e, até então, único cliente, as empadas começaram a ganhar fama, resultando na fundação da Empadinhas Otto, em 1945 – ainda célebre e relembrada em Ponta Grossa. Em 1963, a família Ewy se mudou para Curitiba. “Meu pai veio para cá para abrir uma fábrica de queijadinha”, relembra Joclene, “naquela época ele fabricava e revendia as queijadinhas em bancas, cantinas e tudo mais”.

Joclene comenta que, mesmo que a casa de empadas tenha sido inaugurada em 1977, ela só aprendeu a fazer empadas em 1992. A princípio, seus irmãos a desacreditaram, no que ela rebatia “sou filha de peixe, vou aprender a fazer e vou viver de empada'”. Confirmando suas palavras, Joclene passou a revender os salgados em feiras noturnas e nas feiras temáticas da Praça Osório. Foi assim durante um tempo, até que ela se cansou das dificuldades de se trabalhar em feiras e resolveu investir em um estabelecimento fixo.

O resultado desses anos de trabalho foi o aumento da clientela e o reconhecimento da família Ewy, que chegou a ganhar destaque em uma matéria da Gazeta do Povo. Depois de quarenta anos, mesmo aqueles que não são de Curitiba se mantém fiel ao quitute.. “Tinha um rapaz de São Paulo que vivia levando nossas empadinhas de avião, ele até chegou a levar as empadas para uma festa na ONU”, se empolga Joclene, “a gente ficou todo importante”.


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