A
Empada Original completou 38 anos, mas a história do estabelecimento vem de
muito tempo atrás
Reportagem Bruno Vieira
Joclene e as várias indicações da Empada Original (foto: Bruno Vieira)
Tradição. Essa é a palavra-chave para descrever a Empada Original, um pequeno estabelecimento no limite entre Centro e Mercês. No mesmo lugar desde 1977, a Empada Original é um negócio de família e passa de geração a geração. Alice Thereza Justs Ewy (77), Joseleine Justus Ewy (57) e Joclene Justus Ewy (54) – respectivamente mãe e filhas – administram a casa de empadas praticamente sozinhas, buscando sempre manter o processo de feitio dos salgados o mais artesanal possível.
O
interior do local é pequeno, aconchegante e de decoração simples e
caseira. O clima interiorano se sustenta ainda mais graças às
mulheres da família, que constantemente ficam transitando entre as
mesas e a cozinha,
puxando papo com os clientes. Vários deles fiéis aos quitutes do
local há muito tempo. Nas paredes diversos quadros com indicações
ao Guia Veja Comer & Beber Curitiba – mais de cinco – graças
a sua tradicional empada, e matérias antigas sobre o lugar.
O
estabelecimento foi fundado há
38 anos no dia de São José,
19 de março, como relembra Joclene, mas a tradição da família vem
de muito antes . O seu avô, Otto, trabalhava nos correios, em Ponta
Grossa, mas sempre que tinha oportunidade fazia empadas para festas
de aniversário e outras comemorações. Durante a Segunda Guerra
Mundial, teve que largar o emprego devido às adversidades
da guerra, e resolveu se arriscar a viver de empadinhas. “Um dia
ele fez umas 50 empadas e chamou um vendedor para vender elas. Mas
ele acabou vendendo só uma empada e devolveu as outras 49 pro meu
pai”, comenta Joclene.
No
entanto, graças ao boca-a-boca do primeiro e, até então, único
cliente, as empadas começaram a ganhar fama, resultando na fundação
da Empadinhas Otto, em 1945 – ainda célebre e relembrada em Ponta
Grossa. Em 1963, a família Ewy se mudou para Curitiba. “Meu pai
veio para cá para abrir uma fábrica de queijadinha”, relembra
Joclene, “naquela época ele fabricava e revendia as queijadinhas
em bancas, cantinas e tudo mais”.
Joclene
comenta que, mesmo que a casa de empadas tenha sido inaugurada em
1977, ela só aprendeu a fazer empadas em 1992. A princípio, seus
irmãos a desacreditaram, no que ela rebatia “sou filha de peixe,
vou aprender a fazer e vou viver de empada'”. Confirmando suas
palavras, Joclene passou a revender os salgados em feiras noturnas e
nas feiras temáticas da Praça Osório. Foi assim durante um tempo,
até que ela se cansou das dificuldades de se trabalhar em feiras e
resolveu investir em um estabelecimento fixo.
O resultado desses anos de trabalho foi o aumento da clientela e o reconhecimento da família Ewy, que chegou a
ganhar destaque em uma matéria da Gazeta do Povo. Depois de quarenta
anos, mesmo aqueles que não são de Curitiba
se mantém fiel ao quitute.. “Tinha um rapaz de São Paulo que
vivia levando nossas empadinhas de avião, ele até chegou a levar as
empadas para uma festa na ONU”, se empolga Joclene, “a gente
ficou todo importante”.
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