Um dos principais objetivos da iniciativa é de superar as desigualdades no acesso à educação básica
Reportagem Carlos Baldo
De acordo com dados do Guia do
Estudante 2012, o número de cursinhos populares em Curitiba é pequeno. Há
apenas dois reconhecidos pela publicação, sendo eles: Em Ação e Formação
Solidária. Com foco nas populações de baixa renda, a ideia é cobrar pouco ou
nenhum tipo de mensalidade.
Ainda assim, há entraves para que
um estudante possa se tornar aluno destes cursinhos. Em ambos listados pela
publicação, um processo seletivo é aplicado em duas etapas. Na primeira, uma
prova de conhecimentos gerais é realizada na qual apenas os candidatos com as
melhores notas são selecionados.
No momento da segunda etapa, é
feita uma análise da situação socioeconômica de cada estudante da lista de
selecionados. A intenção é garantir que apenas alunos com situação financeira
frágil desfrutem do ensino ofertado por esses cursinhos populares.
Existe um porém: o Cursinho
Popular Ação Direta, iniciativa do Coletivo Quebrando Muros em parceria com
escolas públicas, não consta no Guia e destoa dos demais. Em um primeiro
momento, há a ausência de processo seletivo, podendo qualquer pessoa ser aluna
do cursinho. Outro ponto de divergência é existir, além do conteúdo que os cursos
pré-vestibulares oferecem, um esforço para que os alunos tenham senso crítico
em relação à sociedade e a realidade em que vivem.
A estudante de Ciências
Biológicas da UFPR, Tassiane Corrêa Fontoura, é uma das professoras de biologia
do cursinho. Para ela, o projeto traz uma nova perspectiva aos alunos. “Nós trabalhamos
com o princípio de democracia direta, que se opõe à democracia representativa. Por
isso, estamos distantes da intenção de formar cidadãos no sentido tradicional.
É algo diferente, que se propõe a formar e motivar os indivíduos a atuar
politicamente”, conta.
No sistema de democracia direta,
os alunos decidem entre eles como será a melhor forma do cursinho prosseguir. As
plenárias de turma acontecem de forma mensal. Nelas, questões como a grade
horária, avaliação das aulas e participação em eventos da comunidade são
colocadas em debate. O objetivo das plenárias é tomar
decisões coletivas. Todos tem o mesmo poder de voz e voto, podendo concordar ou
não com o que foi dito e fazer novas propostas.
Cada disciplina possui o seu
grupo docente com autonomia para fazer seus planejamentos de acordo com o
calendário do cursinho. Para não sobrecarregar os educadores (que são, em sua
maioria, estudantes da UFPR), um sistema de rodízio é adotado. A aplicação do
tal sistema fica a critério de cada grupo.
O trabalho feito pelo coletivo
gerou frutos. Criado em 2012 na Vila Torres, a competência dos envolvidos na
iniciativa fez com que o projeto fosse expandido para o Campo Comprido.
Utilizando as instalações da Escola Municipal Maria do Carmo Martins, a extensão
conta com 26 alunos. Contabilizando os 12 da matriz, o cursinho dá aula para 38
estudantes.
O estudante de Engenharia
Elétrica da UTFPR, Pedro Henrique Fernandes, é um dos professores de matemática
e de física. Ele se sente feliz em fazer parte da iniciativa. “É gratificante,
temos um clima bem familiar aqui. A força de vontade dos alunos é o que move o
cursinho. Isso é muito mais importante do que qualquer coisa que um professor
possa fazer”, afirma.
Já o aluno do cursinho, Benhur
Galvão Bueno, espera que o entusiasmo dos primeiros dias de aula se mantenha ao
longo do ano. “Além disso, quero muito que o ensino aqui valorize a parte
humana”, diz.
Para mais informações, visite a página do Cursinho Popular Ação Direta clicando aqui.
Adorei a matéria!
ResponderExcluirParabéns!