quinta-feira, 17 de abril de 2014

Projeto aumenta a participação do público nas Casas de Leitura


Coordenado pela Fundação Cultural de Curitiba, iniciativa busca arquivar o conhecimento do público e integrá-lo às Casas de Leitura

Reportagem Luiza Guimarães


São, ao todo, 29 Casas de Leitura espalhadas pela cidade. Muitas vezes confundidas com os Faróis do Saber, as Casas são, na realidade, espaços diferenciados, com um acervo considerável de livros literários para empréstimo. Ao contrário dos Faróis, as Casas de Leitura não são pequenas bibliotecas.Além do acervo, elas também possuem vários projetos interessantes que buscam a maior participação do leitor na comunidade.

A Casa de Leitura Dario Vellozo é um laboratório de novos projetos. (Foto: Luiza Guimarães)

Um desses projetos é o Memória de Leitura, cujo objetivo principal é preservar as experiências que as pessoas têm como leitoras. Ele  faz parte do Programa Curitiba Lê, que promove anualmente diversos projetos voltados à área de literatura, dentre eles palestras, rodas de leitura e contação de histórias. Muito do que é produzido nesses encontros, no entanto, acaba se perdendo. Para evitar que isso aconteça, o mediador de leitura Lucas Buchile e a Coordenação de Literatura da Fundação Cultural de Curitiba tiveram, em 2013, a ideia de criar o Memória de Leitura.

Memória de Leitura


O projeto engloba uma série de pequenas ações que, aos poucos, vão registrando a passagem dos leitores pela Casa. São reuniões entre o público e os mediadores de leitura ou então cartões, entregues junto com os livros emprestados, para que o leitor possa deixar sua opinião sobre a obra para a próxima pessoa que vai ler.

Buchile explica a importância da iniciativa, que por enquanto está funcionando apenas na Casa Dario Velozo, no Largo da Ordem."Preservar a memória do leitor também possibilita o deslocamento da compreensão de sua existência para além do imediatismo contemporâneo, dando condições para o indivíduo atribuir novos sentidos a sua experiência com a leitura."

Se apresentar resultados satisfatórios, o próprio espaço Casa da Leitura sairá ganhando, pois à medida  que essa memória do leitor é construída, também se constrói a identidade dos espaços de leitura e um arquivo da própria Casa.

As ações

Uma das iniciativas mais discretas, porém que tem surtido efeito a ponto de já estar se espalhando pela cidade, é a distribuição de fichas junto aos livros emprestados, com espaços para a classificação da obra e linhas para uma breve resenha.

Leitores são convidados a indicar livros para outros leitores (Foto: Luiza Guimarães)

Como ainda é uma ação em teste, não são todos os leitores que recebem a ficha, mas apenas aqueles já conhecidos pelos funcionários da Casa Dario Vellozo. Para preservar suas identidades, as resenhas são assinadas com pseudônimos.

A estagiária na Casa de Leitura,
 Iamni Reche, afirma que a ideia está funcionando  bem. "Tem muita gente que entra aqui e pergunta qual livro a gente recomenda. Aí a gente diz: por quê você não vê o que o leitor recomendou?". Ela ressalta que muitos leitores leem mais do que os funcionários da própria Casa e que em muitos casos também são mais qualificados para indicar a qualidade de um livro.As fichas têm aumentado a interação entre os leitores. "O que é engraçado é que muitas vezes os livros que mais saem são aqueles para os quais os leitores deram as piores críticas.", comenta Iamni. A ideia  está sendo também implantada na Estação da Leitura, no terminal do Pinheirinho.


Todas as ações são cuidadosamente discutidas entre mediadores de leitura e os estagiários das Casas antes de serem implantadas. Iamni Reche diz que o processo minucioso evita a total exposição do leitor, já que a maioria das ações serão gravadas para a preservação da memória. “Não dá pra chegar e gravar uma roda de leitura, por exemplo, porque é um ambiente que cria muita intimidade.”Além dessas questões éticas, também são discutidas quais as próximas ações a serem adotadas.

Perspectivas


Lucas Buchile enfatiza que o projeto Memória de Leitura ainda está em fase de teste e que, portanto, ainda não há nada definitivo, mas as reuniões entre mediadores e estagiários continuam a acontecer semanalmente e, além das fichas de leitura, estão sendo promovidos debates sobre a importância da memória do leitor e quais serão os próximos passos a serem tomados para preservá-la. Existem diversos outros projetos nas Casas de Leitura que buscam aumentar a participação do público e criar um interesse para leitura.

Para saber mais sobre a programação ou conhecer a Casa de Leitura mais próxima, acesse o site: www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/literatura






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