Cross Fit ganha adeptos em Curitiba

A modalidade de exercícios funcionais tem atraído diversos esportistas em Curitiba, mesmo com treinos ainda realizados apenas em praças.

Por Thaíssa Falcão

Turma da aula experimental conhecendo o treino do dia. Foto de Thaíssa Falcão

“A ideia é que qualquer coisa seja fácil para quem faz Cross Fit”, diz o personal trainer, Daniel Moraes, 28, que trabalha em uma academia, em Curitiba, voltada exclusivamente para esta prática esportiva que vem ganhando novos praticantes na cidade.

Moraes e os colegas Rafael Ramos e Marcos Poesch, também treinadores pessoais, dão aulas todos os sábados pela manhã na Praça Brigadeiro Mário Epphingauss, bairro Juvevê,  enquanto uma estrutura própria para o cross fit, na academia onde trabalham, não fica pronta.

Eles começaram a dar aulas em novembro de 2013 para cerca de cinco alunos e em maio 2014 já contavam com mais de 70 integrantes. Os treinadores se orgulham por não fazer muita propaganda, afirmando que são os próprios alunos que comentam com os amigos sobre a modalidade e assim vão reunindo mais adeptos para a prática semanal.

Ana Helena durante o treino. Foto de Thaíssa Falcão

Foi assim, por meio de amigos, que a estudante de Química da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ana Helena Guil, 20, conheceu o Cross Fit. Ela praticava exercícios regulares em uma academia, mas parou há mais de dois meses. “Durante as férias eu ia à academia logo que abria e passava boa parte da manhã por lá, antes de ir ao trabalho; mas, depois, as aulas começaram e eu não consegui manter o ritmo”. Ana Guil se interessou em fazer uma aula experimental de cross fit, após conversar com amigos, para voltar à ativa. Com os exercícios de cross fit depois de apenas uma hora de aula, afirma que sentiu muita diferença em relação aos treinos comuns na academia: “Em uma aula já senti o músculo da perna mais duro, coisa que levaria mais tempo em academias comuns”. Ela ainda confirma que  praticaria cross fit regularmente, pois achou o treino mais animado que na academia convencional.

O cross fit não produz benefícios apenas para a musculatura corporal. Segundo Daniel Moraes a modalidade é indicada por trabalhar com movimentos funcionais, que podem ser transmitidos para o dia a dia. “No lugar de estar trabalhando uma musculatura isolada, você está trabalhando o corpo inteiro com movimentos de grande eficiência”, explica.

Esses movimentos funcionais são o ponto alto da prática. “É na alta intensidade que estão os resultados que a gente faz em tudo, ganho metabólico, cardiovascular, melhoria da musculatura”, afirma Moraes. E nesses resultados o aluno adquire um modo de vida mais ativo, porém não adquire o corpo sarado que tantas pessoas buscam ao começar à academia. Segundo o personal, o cross fit resulta sim em uma melhora corporal (como a perda de peso e o ganho de massa muscular), mas para quem busca a ‘barriga de tanquinho’ ou um corpo mais voltado ao fisiculturismo, é indicada a prática de exercícios de musculação, pois esse sim, trabalha com músculos específicos.

A modalidade também é bem liberal — pode-se praticar em qualquer lugar, contanto que se tenha o mínimo do espaço para fazer os movimentos, que nem sempre precisam de equipamentos. Na maior parte dos exercícios, os equipamentos utilizados são para o levantamento de peso e nesse caso podem ser usados desde uma barra até um pneu.

Daniel e Marcos durante explicação do movimento. Foto de Thaíssa Falcão

No entanto, não é aconselhado começar a praticar a modalidade sozinho, apenas copiando movimentos por meio de vídeos na internet. “Como são movimentos funcionais que trabalham o corpo inteiro, eles são bem complexos, e com muitos detalhes que devem ser executados de forma perfeita. É legal ir ao treino, aprender bem para depois praticar sozinho”.

Mas como qualquer exercício físico, o cross fit é melhor aproveitado para a saúde física em conjunto com  uma boa educação alimentar. Os treinadores da modalidade indicam duas dietas específicas: a paleolítica (dieta voltada a alimentos consumidos na Era Paleolítica, como carne, ovos, vegetais, frutas e nozes) e a zone diet (dieta que busca o equilíbrio entre as proteínas, os carboidratos e a gordura no corpo), que ajudam a trazer melhores resultados. 

O Que é a Cross Fit?

A cross fit é uma modalidade de exercícios físicos criada pelo treinador americano Greg Glassman em 1995. Ele foi chamado para fazer o treino da polícia da cidade de Santa Cruz, na Califórnia e, hoje, há mais de cinco mil locais para a prática da modalidade no mundo, sendo 30 no Brasil, onde o esporte ainda é novidade.

Na modalidade, é buscado o equilíbro entre diversas capacidades físicas, como resistência cardiovascular, respiratória e muscular, força, potência, precisão, agilidade, coordenação, flexibilidade e equilíbrio. E para isso o treino é montado para trabalhar o corpo todo em  alta intensidade.

Cada treino é uma surpresa. Quando o aluno chega, os professores estão com uma tabela preparada com as atividades do dia, que consiste numa série de exercícios que ele deve fazer no menor tempo possível ou mais repetições do mesmo exercício em um determinado tempo.

E como a modalidade é baseada na intensidade, qualquer um pode treinar: o jovem de 17 anos, o adulto que pratica diariamente academia e até mesmo uma senhora de 75 anos. Os três farão a mesma série de exercícios, mas enquanto o adulto levanta um peso de 15 quilos a senhora levanta um peso de oito.

Academia precisa ter habilitação

Para abrir uma academia que seja voltada ou tenha como opção a prática de cross fit, o local precisa passar por uma avaliação. Se aprovada, a academia será  colocada no mapeamento das academias habilitadas, feita pela central americana. Para ser um profissional habilitado na área, também é necessária uma certificação internacional. No caso do Brasil, uma equipe dos Estados Unidos vem até aqui aplicar o curso para os interessados que, depois, precisam  ainda passar em uma prova para ser categorizados como professores qualificados.

Turma da aula experimental. Foto de Thaíssa Falcão

Quem quiser  começar a treinar, pode participar dos  encontros marcados no grupo “Treino na Praça”, que possui página no Facebook.

Na praça, pra quem treina uma vez por semana, o custo mensal é de R$59; R$89, para quem treina duas vezes, com  aulas individuais custando R$20 cada.