segunda-feira, 19 de maio de 2014

Curitiba ganha nova galeria de arte contemporânea

Farol Galeria de Arte e Ação abriu no mês de abril deste ano com a exposição O Óbvio Improvável

Reportagem Arthur do Carmo



Depois de se graduar em artes visuais/performance pela F+F Schule für Kunst und Mediendesign, em Zurique, na Suíça, em 2001, a artista e agora galerista Margit Leisner voltou para o Brasil e para a cena da arte contemporânea brasileira promovendo e participando de residências e eventos importantes, como a P.arte – mostra de arte performática que acontece em Curitiba há 4 anos organizada por Fernando Ribeiro e Tissa Valverde –, e a residência do Capacete Entretenimentos, em São Paulo. Atualmente ela investe sua dedicação para estabelecer a Farol Galeria de Arte e Ação no competitivo mercado da comercialização de obras de arte contemporânea.

A galeria traz trabalhos de artistas representativos da cena local e nacional, como Gabriele Gomes, Lívia Piantavini, Maikel da Maia, Jozé Roberto da Silva e Cleverson L. Salvaro, que realizou um trabalho especificamente para esta primeira exposição, com curadoria de Keila Kern e da própria Margit Leisner. O trabalho acontece a partir de uma interferência do artista feita na parede da galeria, com materiais incomuns – vidro e buraco na parede.


Entrada da Farol Galeria com trabalho No more tears (2009), de Jorge Menna Barreto plotado na parede externa. Foto Arthur do Carmo


O Óbvio Improvável faz uma referência ao desconcerto que a arte contemporânea procura provocar no espectador. A mostra articula não apenas trabalhos, mas nos permite ver como esta nova galeria se propõe a funcionar – sem contrato de exclusividade entre galerista e criador e com a rotatividade de artistas que possuem obras à venda. A cada exposição novos artistas estarão representados, ampliando o contato do público e dos clientes sempre com novos artistas.

Para esta exposição, Margit contou com o auxílio curatorial de Keila Kern, responsável por importantes mostras na cidade como o Sesi Arte Contemporânea e participante da 29ª Bienal de São Paulo ao lado do Capacete Entretenimentos. Galerista e curadora procuraram aproximar linguagens como a pintura, a gravura, a fotografia e a instalação. Margit Leisner afirma que as mostras são fundamentais para qualquer galeria: “Acredito que uma galeria tem que ser reconhecida não apenas pelos artistas que representa em determinado momento, mas também por sua capacidade de produzir excelentes exposições, bem pensadas, com um conceito que amplie as visões e percepções a respeito de todos os trabalhos. As exposições dizem muito a respeito da qualidade e da ousadia das galerias e da relação que elas mantêm com seus artistas.”  

A galeria, localizada em prédio anexo à Bicicletaria Cultural, no centro de Curitiba, se propõe a não apenas comercializar trabalhos de arte, mas também em articular a produção de pensamento sobre arte contemporânea. A galerista possui uma rede extensa de contatos com produtores culturais, curadores, críticos, pesquisadores e artistas que foi formada ao longo de sua trajetória como artista. A abertura da galeria acontece como meio de aproximar os contatos uns dos outros através de um endereço espacialmente localizado. Isso acontece porque Margit é quem está sempre presente durante o período em que o espaço permanece aberto ao público, realizando o atendimento e a mediação entre os trabalhos e o público, que podem ou não ser compradores. “A aproximação que eu tenho com várias pessoas agora possui um endereço. Não quero criar expectativas sobre algo que acaba de se iniciar, mas é bom ter um meio de permitir que eles venham me visitar e se encontrem e que a partir desses encontros possam surgir novos trabalhos e novos projetos”, comenta Margit. 

É a ideia de “ação”, incluída no nome da galeria. O espaço procura ser um agenciador não apenas promovendo o encontro entre os seus contatos, mas também estabelecendo parcerias diretas, como é o caso do estilista Alexandre Linhares, que se propôs a cada nova exposição trabalhar com a imagem em serigrafia de algum dos artistas convidados nas suas camisetas T-shirt.   



Trabalho de Cleverso L. Salvaro na exposição O Óbvio Improvável da Farol Galeria – redundância (2014) Foto Farol Galeria de Arte e Ação


Entre galerias 

A artista e agora galerista Margit Leisner acredita que cada galeria possui a sua vocação. “Isso acaba diferenciando as maneiras com que cada uma delas se relaciona com o mercado e com a produção de arte em geral”, pontua. Ela afirma ainda que a vocação da Farol está em manter um diálogo aberto tanto com os clientes quanto com os artistas e demais profissionais envolvidos. Todos os valores das obras, por exemplo, estão disponíveis para consulta direta – sem interferência do negociante no repasse e controle de informações sobre os valores – uma prática que favorece a quebra do tabu relacionado à venda das obras. “Normalmente os galeristas de arte não deixam os valores à mostra, se protegendo de sondagens e especulações não controladas a respeito do valor de mercado de um determinado artista”, pontua.

Outra diferença da Farol com relação às galerias já estabelecidas é que ela se propõe a oferecer trabalhos de pequenos formatos, com preços acessíveis ao consumidor comum – variando entre R$30 e R$8 mil – sem precisar que o cliente seja um colecionador, decorador, ou um interessado na especulação dos valores das obras, apesar de vários artistas já terem reconhecimento nacional e em alguns casos, internacional.


  
Serviço

O Óbvio Improvável
Farol Galeria de Arte e Ação
Rua Presidente Faria, 226 – Subsolo
Até 6 de junho
De terça a sexta das 14h às 18h


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