Reportagem Arthur do Carmo
Depois
de se graduar em artes visuais/performance pela F+F Schule für Kunst und
Mediendesign, em Zurique, na Suíça, em 2001, a artista e agora galerista Margit
Leisner voltou para o Brasil e para a cena da arte contemporânea brasileira
promovendo e participando de residências e eventos importantes, como a P.arte –
mostra de arte performática que acontece em Curitiba há 4 anos organizada por Fernando Ribeiro e Tissa Valverde –, e a
residência do Capacete Entretenimentos, em São Paulo. Atualmente ela investe sua
dedicação para estabelecer a Farol Galeria de Arte e Ação no competitivo
mercado da comercialização de obras de arte contemporânea.
A
galeria traz trabalhos de artistas representativos da cena local e nacional,
como Gabriele Gomes, Lívia Piantavini, Maikel da Maia, Jozé Roberto da Silva e
Cleverson L. Salvaro, que realizou um trabalho especificamente para esta
primeira exposição, com curadoria de Keila Kern e da própria Margit Leisner. O
trabalho acontece a partir de uma interferência do artista feita na parede da
galeria, com materiais incomuns – vidro e buraco na parede.
Entrada da Farol Galeria com trabalho No more tears (2009), de Jorge Menna Barreto plotado na parede externa. Foto Arthur do Carmo |
O
Óbvio Improvável faz uma referência ao desconcerto que a arte contemporânea
procura provocar no espectador. A mostra articula não apenas trabalhos, mas nos
permite ver como esta nova galeria se propõe a funcionar – sem contrato de
exclusividade entre galerista e criador e com a rotatividade de artistas que
possuem obras à venda. A cada exposição novos artistas estarão representados,
ampliando o contato do público e dos clientes sempre com novos artistas.
Para
esta exposição, Margit contou com o auxílio curatorial de Keila Kern,
responsável por importantes mostras na cidade como o Sesi Arte Contemporânea e
participante da 29ª Bienal de São Paulo ao lado do Capacete Entretenimentos. Galerista
e curadora procuraram aproximar linguagens como a pintura, a gravura, a
fotografia e a instalação. Margit Leisner afirma que as mostras são
fundamentais para qualquer galeria: “Acredito que uma galeria tem que ser
reconhecida não apenas pelos artistas que representa em determinado momento,
mas também por sua capacidade de produzir excelentes exposições, bem pensadas,
com um conceito que amplie as visões e percepções a respeito de todos os
trabalhos. As exposições dizem muito a respeito da qualidade e da ousadia das
galerias e da relação que elas mantêm com seus artistas.”
A
galeria, localizada em prédio anexo à Bicicletaria Cultural, no centro de
Curitiba, se propõe a não apenas comercializar trabalhos de arte, mas também em
articular a produção de pensamento sobre arte contemporânea. A galerista possui
uma rede extensa de contatos com produtores culturais, curadores, críticos,
pesquisadores e artistas que foi formada ao longo de sua trajetória como
artista. A abertura da galeria acontece como meio de aproximar os contatos uns
dos outros através de um endereço espacialmente localizado. Isso acontece
porque Margit é quem está sempre presente durante o período em que o espaço
permanece aberto ao público, realizando o atendimento e a mediação entre os trabalhos
e o público, que podem ou não ser compradores. “A aproximação que eu tenho com
várias pessoas agora possui um endereço. Não quero criar expectativas sobre
algo que acaba de se iniciar, mas é bom ter um meio de permitir que eles venham
me visitar e se encontrem e que a partir desses encontros possam surgir novos
trabalhos e novos projetos”, comenta Margit.
É a ideia de “ação”, incluída no nome da
galeria. O espaço procura ser um agenciador não apenas promovendo o encontro
entre os seus contatos, mas também estabelecendo parcerias diretas, como é o
caso do estilista Alexandre Linhares, que se propôs a cada nova exposição
trabalhar com a imagem em serigrafia de algum dos artistas convidados nas suas
camisetas T-shirt.
Trabalho de Cleverso L. Salvaro na exposição O Óbvio
Improvável da Farol Galeria – redundância
(2014) Foto Farol Galeria de Arte e Ação
|
A
artista e agora galerista Margit Leisner acredita que cada galeria possui a sua
vocação. “Isso acaba diferenciando as maneiras com que cada uma delas se
relaciona com o mercado e com a produção de arte em geral”, pontua. Ela afirma
ainda que a vocação da Farol está em manter um diálogo aberto tanto com os
clientes quanto com os artistas e demais profissionais envolvidos. Todos os
valores das obras, por exemplo, estão disponíveis para consulta direta – sem
interferência do negociante no repasse e controle de informações sobre os
valores – uma prática que favorece a quebra do tabu relacionado à venda das
obras. “Normalmente os galeristas de arte não deixam os valores à mostra, se
protegendo de sondagens e especulações não controladas a respeito do valor de
mercado de um determinado artista”, pontua.
Outra
diferença da Farol com relação às galerias já estabelecidas é que ela se propõe
a oferecer trabalhos de pequenos formatos, com preços acessíveis ao consumidor
comum – variando entre R$30 e R$8 mil – sem precisar que o cliente seja um
colecionador, decorador, ou um interessado na especulação dos valores das
obras, apesar de vários artistas já terem reconhecimento nacional e em alguns
casos, internacional.
Serviço
O Óbvio Improvável
Farol Galeria de Arte e Ação
Rua Presidente Faria, 226 – Subsolo
Até 6 de junho
De terça a sexta das 14h às 18h
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