segunda-feira, 19 de maio de 2014

Falta de restaurantes universitários pesa no bolso dos estudantes

Fechamento dos Restaurantes Universitários devido à greve dos servidores tem obrigado alunos da UFPR a buscar outras alternativas de alimentação


Por Bruno Vieira

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A greve dos servidores não tem previsão de término


Os servidores técnicos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) estão em greve desde 20 de março. Isso tem afetado diretamente os estudantes, visto que os restaurantes universitários (RUs) estão fechados devido à suspensão das atividades. Em situação de fragilidade econômica ou não, um número muito grande de estudantes come todo dia no RU, e durante a greve tem sentido no bolso a falta de opções baratas para sua alimentação..

Sílvio Guilherme Reolon, 19, cursa Direito e Ana Carolina de Andrade, 18, é estudante de Ciências Sociais. Ambos costumavam comer no RU Central de segunda a sexta, mas, nesse período de greve, buscaram novas alternativas. “Às vezes eu faço comida em casa, quando dá tempo, mas normalmente acabo comendo pela rua mesmo”, comenta Ana de Andrade. Sílvio Reolon, que também acaba optando por comer em outros restaurantes, afirma que isso pesa bastante no final do mês. “Eu como um monte, se vou num buffet por quilo gasto mais de vinte reais”, diz em tom de brincadeira.

Os estudantes da região central ainda têm mais escolhas e outras alternativas baratas - mesmo que não se equiparem ao preço do RU. Dois exemplos são a própria cantina da Reitoria, que oferece um cardápio econômico que vai de salgados a miojo e sopas, e a lanchonete Come-Come, que se localiza na Rua XV de Novembro, logo ao lado da Reitoria. O espaço oferece, por R$ 4,60, esfirras que valem por uma refeição, e tem sido, mais do que nunca, um refúgio para os bolsos e estômagos vazios dos universitários do Centro. “Desde que começou essa greve, o movimento aumentou bastante, especialmente na hora do almoço”, afirma Márcia Ueda, dona da lanchonete.

Mas se os estudantes da Reitoria e do Prédio Histórico ainda têm opções mais em conta como essas, os alunos do Centro Politécnico sofrem com a pouca variedade de restaurantes na região. Mateus Miller, 19, cursa Engenharia de Produção e diz estar gastando muito com alimentação desde o início da greve. “Eu tenho gastado muito comendo no Shopping Jardim das Américas, que é ali do lado do Politécnico”, diz. “Em uma refeição, eu gasto dez vezes mais que no RU”, completa.

A princípio pode não parecer que a falta do restaurante universitário pese tanto assim no bolso dos estudantes, mas é só fazer os cálculos. O almoço no RU custa R$1,30, o que dá R$26 por mês em alimentação – contando que se almoce lá de segunda a sexta-feira. Enquanto isso, uma refeição em outros restaurantes, especialmente nos de shoppings, sai em torno dos R$20, o que resulta em R$400 no fim do mês, comendo com a mesma frequência que se come no RU.

Isso dá quase o valor da bolsa-permanência da UFPR, que serve de sustento para um número considerável de alunos da instituição, especialmente os que vivem nas Casas do Estudante. Em vista disso, a Reitoria tem tomado algumas medidas provisórias. Uma delas foi a distribuição de sanduíches em certos campi na hora do almoço durante alguns dias, proposta que partiu da Pró-reitoria de Administração (PRA). Outra foi a reabertura com serviço terceirizado do RU das Agrárias e do campus Botânico. No entanto, para Mateus Miller, Ana Carolina Andrade e Sílvio Reolon – e para tantos outros estudantes – essas ações ainda não conseguem suprir a demanda. “São alternativas válidas, mas deveria ser dada mais atenção para a classe dos servidores técnicos para que a greve acabasse de vez, isso sim seria a solução”, sintetiza Miller.  

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