Reportagem Aléxia Saraiva
Giulia Gasparin, de 22 anos, é promessa para as Olimpíadas na modalidade de esgrima com sabre (foto: Renan Telöken Stein) |
Participar das Olimpíadas é um sonho que estimula o início
da carreira de muitos jovens atletas e fica ainda mais atrativo pelos jogos
acontecerem no Rio de Janeiro em 2016. Não foi o caso de Giulia Gasparin. Depois
de trocar a natação pela esgrima por conta de uma alergia ao cloro, ela já foi Campeã
Brasileira Juvenil e ficou em terceiro lugar no Campeonato Sul-Americano. Atualmente,
a atleta é a quarta posição no ranking nacional do sabre – a arma usada pela
atleta – e uma das grandes promessas brasileiras para as Olimpíadas.
A atleta é curitibana e começou a praticar esgrima em 2006, quando estava na oitava série. “Quando
entrei no Colégio Positivo, a esgrima era uma atividade extracurricular. Gostei da ideia e resolvi experimentar. Comecei como
hobby, mas com o tempo passei a participar de campeonatos e os resultados me
levaram a ir atrás cada vez mais”, conta. A opção pelo sabre foi fundamental
para o que aconteceria depois. A arma, que não tem tradição em Curitiba, foi
escolhida por ela depois que seu professor apresentou as três opções
disponíveis para um esgrimista – a espada, mais tradicional, o florete e o
sabre. “Na época, eu não tinha pretensões competitivas, tinha acabado de
começar com a esgrima, então achei a ideia legal. Com o tempo eu fui vendo as
dificuldades de treinar uma arma que poucas pessoas praticam, muitas vezes treinava
sozinha e obviamente tinha limitações técnicas”. Depois do colégio, ela passou
a treinar na Associação Paranaense de Praticantes de Esgrima (Appes) e na
Sociedade Thalia, ambas em Curitiba.
Paralelamente,
começou a cursar Jornalismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR), mas já
sabia que levaria o esporte a sério. “Era um risco fazer esse esporte sem ter
faculdade. Eu vi a necessidade de me formar antes de me mudar para Porto
Alegre, onde poderia treinar com Juan Velasquez, um técnico cubano com grande
experiência no sabre”, pontua. Atualmente, com 23 anos, Giulia treina com ele
pela Sociedade de Ginástica de Porto Alegre, a Sogipa.
Esgrima, um esporte
“sub-amador”
Oswaldo Monteiro foi técnico de Giulia Gasparin enquanto ela
treinou em Curitiba pela Appes, e comenta que sempre pensa na atleta como
exemplo de determinação e disciplina. “Comecei com ela em 2009, e infelizmente
a limitação como esporte amador a impediu de continuar aqui. Mas ela é
referência para quem treina comigo, por causa da sua força de vontade que
retorna como resultados”, explica.
Segundo o técnico, a esgrima é um esporte “sub-amador”, uma vez que fica
quase que inteiramente nas mãos dos professores e do esforço dos alunos, além de
não receber incentivos. “A estrutura do local de treinamento pode ser humilde,
mas compensa do alto grau de qualificação. O problema é que o esporte acaba
dependendo do que o atleta se propõe a fazer”, explica.
Quanto ao futuro, tanto Monteiro quanto Gasparin se mostram
confiantes. “Cada passo dado a faz ficar mais perto do seu sonho olímpico”, diz
Monteiro. A atleta completa: “O que era uma realidade distante se tornou um
sonho possível e um objetivo plausível”.
Como país sede, o Brasil tem direito a 12 vagas na equipe que vai competir em esgrima. Conta-se
como primeiro critério de classificação a participação em competições
internacionais. “A concentração do atleta nos
próximos dois anos deve ser a de treinar muito e buscar o melhor ranking
mundial possível, participando de todo o circuito internacional de Copas. Isso
é difícil, pois envolve muita grana e o incentivo para a esgrima é pouco. Por
isso temos poucos atletas com bom ranking”, explica Giulia Gasparin. Segundo
ela, a expectativa para os investimentos em 2015 são altas, já que faltará
pouco tempo para as Olimpíadas.
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