Voluntários pedem ajuda para a reconstrução por meio de eventos
variados
Reportagem Júlia Bevilaqua Stefanel
No início de maio, um incêndio iniciado em uma casa abandonada
localizada na Rua Trajano Reis, centro de Curitiba, alastrou-se para o prédio
vizinho: a Casa do Contador de Histórias, sede de um projeto de voluntariado
que existe há dez anos. Perderam-se documentos, artesanatos e móveis, mas não
perderam-se as histórias. Na mesma noite da tragédia, foi realizada uma “grande
contação de histórias” na frente do estabelecimento, quando seis voluntários
dividiram histórias emocionadas com o público.
O evento, criado por Marcel Bely, social media da Prefeitura de Curitiba, contou com a participação de
aproximadamente cem pessoas, entre voluntários, convidados do Facebook e curiosos
que transitavam entre os bares da Trajano Reis. Bely sensibilizou-se com o caso
quando, após fazer um post na fanpage
da prefeitura alertando a população para o incêndio na casa vizinha e o
trânsito que tinha se acumulado nas proximidades, passou pelo local. “Eu vi a
casa pegando fogo e os voluntários chorando lá na frente e isso me deixou muito
mal. Fui conversar com eles e a gente combinou de fazer uma roda de histórias à
noite. Já criei o evento e fui chamando todo mundo.”
Voluntários mandando um
"Há!" com o público. (Foto: Júlia Bevilaqua)
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A Casa do Contador de Histórias é uma OSCIP – Organização de Sociedade
Civil de Interesse Público – criada em 2003 e é uma iniciativa pioneira no
Brasil em contar histórias com fins terapêuticos para pessoas em
vulnerabilidade social. Para ser um contador de histórias não existe idade específica,
basta entrar em contato com um voluntário e fazer um treinamento. Segundo
Rossane Lemos, jornalista e uma das fundadoras da Casa, “qualquer um tem a
habilidade de contar histórias, o que a gente faz nesses treinamentos é
‘lapidar’ isso”. O prédio em que a sede se encontra foi doado em 2011 pela
Prefeitura de Curitiba e foi reformado por meio de financiamento dos cerca de
50 voluntários da instituição. Inaugurado em dezembro de 2013, o edifício era
utilizado para a preparação de novos contadores de histórias e para encontros dos
voluntários com grupos de ouvidores.
Os voluntários também vão até as instituições para exercitar esse talento. “A maior parte dos contos faz parte do legado que a humanidade nos deixou, poucas das histórias são de nossa autoria”, segundo Rossane. O voluntariado é realizado em casas para cuidado de crianças com HIV, para crianças com câncer e asilos, entre outros locais. Para a jornalista, “eles contam histórias para encantar o mundo e tornar esse lugar que a gente vive um pouco mais viável. Seja a curto ou a longo prazo, uma história nunca passa desapercebida na vida de alguém”.
Depois do incêndio, várias
pessoas se envolveram com a causa da reconstrução da casa. Diversas bandas da
cidade se dispuseram a tocar e doar os lucros da apresentação. Na sexta-feira,
dia 16 de maio, o Trip Bar fará um show beneficente e nos dias 17 e 18 vai
acontecer um festival de dois dias no The Patch Art & Bar. Segundo Marcel
Bely, ainda falta uma ajuda essencial: “Agora o que precisamos com mais
urgência é de um engenheiro estrutural, para fazer uma perícia da casa e ver o
que podemos manter o que precisamos trocar”.
A Casa do Contador de Histórias
também está aceitando doações em dinheiro, que podem ser feitas por meio de
depósito bancário. Móveis e materiais também são bem-vindos, assim como ajuda
de mão-de-obra na reforma do local.
Serviço:
Depósito: Banco Caixa
Econômica, Agência 0369, CC 7775, CNPJ 061.308.09/0001-14
Endereço: Rua Trajano Reis, 325
Trip Lounge Bar: Rua Mateus Leme,
754
The Patch
Art & Bar: Rua Professor Brandão, 51
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