quarta-feira, 14 de maio de 2014

Instituição de Curitiba recebe prêmio nacional por incentivar o uso de bicicleta

A Bicicletaria Cultural foi premiada pela originalidade na promoção do uso de meios de transporte movidos pela propulsão humana  
Reportagem Gabriele Tres Maniezo

A Bicicletaria Cultural oferece aos ciclistas um espaço para apoio mecânico e estacionamento (Foto: Fernanda Tieme Iwaya)


O casal de cicloativistas curitibanos, Fernando Rosenbaum (artista plástico) e Patrícia Valverde (produtora cultural), proprietários da Bicicletaria Cultural, recebeu uma injeção de ânimo no último mês de abril, ao receber o prêmio de Empreendimento, promovido pela Transporte Ativo, instituição do Rio de Janeiro que promove e divulga o uso de meios de transporte à propulsão humana – bicicletas, patins, skates. A premiação foi realizada durante o workshop A Promoção da Mobilidade por Bicicleta no Brasil, no Rio, e contou com três categorias: Ação educativa e de Sensibilização, Levantamento de dados e pesquisas e Empreendimento. “Isso mostra que a gente tá no caminho certo”, afirmou Rosenbaum.
A bicicleta tem sido uma boa impulsionadora de novos e criativos negócios. Vencedora também do 2º Prêmio Aliança de Empreendedorismo Comunitário, a Bicicletaria Cultural foi criada em 2012, e é uma iniciativa pioneira no Brasil. “Percebemos que o número de ciclistas só tendia a aumentar e não tinha nenhum respaldo do governo. Não tinha nada no centro da cidade dizendo que as bicicletas são bem-vindas”, explica Rosenbaum. Na época, embora Curitiba já contasse há alguns anos com muitos quilômetros de ciclovias, não havia um incentivo por parte da prefeitura para o uso intensivo de bicicletas.
Segundo o coordenador do plano de ciclomobilidade do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Antonio Miranda, “até 2016 Curitiba poderá ser considera uma cidade ciclável”. A cidade possui atualmente 130 km de vias cicláveis (ciclovias, ciclofaixas e vias calmas). Com a implantação do novo Plano Diretor Cicloviário, serão implantados mais cerca de 300 km de vias cicláveis, o que impulsionará o ciclista as ruas. O projeto está totalmente pronto, e sua primeira implantação é a Via Calma na Av. Sete de Setembro, entre a Rua Mariano Torres e a Praça do Japão. O resto do projeto pretende ser implantado após o término da Copa.
O incentivo da prefeitura veio em parceria com a Associação Cicloiguaçu (Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu – Curitiba e Região Metropolitana). Segundo o coordenador geral, Goura, o que o prefeito Gustavo Fruet está fazendo não é nada além daquilo combinado. Em período de campanha, a Cicloiguaçu apresentou uma carta compromisso aos candidatos, e o prefeito assinou. A instituição de ciclomobilidade curitibana, é sediada na Bicicletaria Cultural.
A Bicicletaria também abriga uma galeria de arte
(Foto: Fernanda Tieme Iwaya)
A Bicicletaria também é promotora da cultura curitibana. O empreendimento nasceu, segundo Rosenbaum, apenas para suprir a demanda de falta de espaço para estacionamento seguro de bicicletas na região central da cidade, entretanto, a vocação criativa do artista plástico e da produtora cultural transformaram o ambiente em um espaço para convivência e promoção cultural entre os amantes da bicicleta.
O local conta com uma agenda de eventos com encontros, palestras, fóruns e atividades culturais relacionadas à ciclocultura. Rosenbaum explica que a intenção é “fazer uma contaminação”. “As pessoas vêm estacionar a bicicleta e a gente tenta associar as atividades culturais ao dia a dia do ciclista”. A Bicicletaria Cultural oferece também serviços mecânicos às bicicletas enquanto seus donos usufruem da galeria de arte localizada aos fundos.
Além da programação esporádica, o espaço promove dois eventos mensais. Um é o p.Arte, atividade de performances, coordenado pelos artistas Fernando Ribeiro e Tissa Valverde. O outro é a palestra dos Cicloviajantes, em que pessoas que viajaram o mundo de bicicleta dividem sua história com o público interessado.
O diferencial da Bicicletaria Cultural não é apenas os serviços e a galeria de arte que oferece, nem as iniciativas políticas que promove, mas sim seu ambiente. O local possui um clima caseiro, que faz todos se sentirem a vontade. “É um espaço livre pra criar e trazer novas ideias”, define Rosenbaum. Para ele, o espaço está se tornando marcante em Curitiba, por unir ativismo, serviços, arte e conforto.
Praça de Bolso do Ciclista
Localizada em frente a futura Praça de Bolso do Ciclista, na região central da rua Presidente Faria, a bicicletaria é responsável pelo desenvolvimento do projeto da praça em parceria com a Cicloiguaçu e o Ippuc. A praça, que será construída com a participação dos próprios ciclistas e cicloativistas, oferecerá um espaço de apoio complementar aos ciclistas em geral e à própria Bicicletaria Cultural, com disposição de ferramentas básicas, água, bomba de ar, bicicletário e área para as crianças.
A iniciativa impulsiona novos negócios dentro do âmbito de mobilidade urbana
(Foto: Fernanda Tieme Iwaya)

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