A Bicicletaria Cultural foi premiada pela originalidade na promoção do uso de meios de
transporte movidos pela propulsão humana
Reportagem Gabriele Tres Maniezo
A Bicicletaria Cultural oferece aos ciclistas um espaço para apoio mecânico e estacionamento (Foto: Fernanda Tieme Iwaya) |
O casal de cicloativistas curitibanos, Fernando Rosenbaum (artista
plástico) e Patrícia Valverde (produtora cultural), proprietários da
Bicicletaria Cultural, recebeu uma injeção de ânimo no último mês de abril, ao
receber o prêmio de Empreendimento, promovido pela Transporte Ativo, instituição
do Rio de Janeiro que promove e
divulga o uso de meios de transporte à propulsão humana – bicicletas, patins,
skates. A premiação foi realizada durante o workshop “A Promoção da Mobilidade
por Bicicleta no Brasil”, no Rio, e
contou com três categorias: Ação educativa e de Sensibilização, Levantamento
de dados e pesquisas e Empreendimento. “Isso mostra que a gente tá no
caminho certo”, afirmou Rosenbaum.
A bicicleta tem sido uma boa impulsionadora de novos e criativos
negócios. Vencedora também do 2º Prêmio Aliança de Empreendedorismo
Comunitário, a Bicicletaria Cultural foi criada em 2012, e é uma iniciativa
pioneira no Brasil. “Percebemos que o número de ciclistas só tendia a aumentar
e não tinha nenhum respaldo do governo. Não tinha nada no centro da cidade
dizendo que as bicicletas são bem-vindas”, explica Rosenbaum. Na época, embora
Curitiba já contasse há alguns anos com muitos quilômetros de ciclovias, não
havia um incentivo por parte da prefeitura para o uso intensivo de bicicletas.
Segundo
o coordenador do
plano de ciclomobilidade do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de
Curitiba (Ippuc), Antonio Miranda, “até 2016 Curitiba poderá ser considera uma
cidade ciclável”. A cidade possui atualmente 130 km de vias cicláveis
(ciclovias, ciclofaixas e vias calmas). Com a implantação do novo Plano Diretor
Cicloviário, serão implantados mais cerca de 300 km de vias cicláveis, o que
impulsionará o ciclista as ruas. O projeto está
totalmente pronto, e sua primeira implantação é a Via Calma na Av. Sete de
Setembro, entre a Rua Mariano Torres e a Praça do Japão. O resto do projeto
pretende ser implantado após o término da Copa.
O
incentivo da prefeitura veio em parceria com a Associação Cicloiguaçu
(Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu – Curitiba e Região Metropolitana).
Segundo o coordenador geral, Goura, o que o prefeito Gustavo Fruet está fazendo
não é nada além daquilo combinado. Em período de campanha, a Cicloiguaçu
apresentou uma carta compromisso aos candidatos, e o prefeito assinou. A instituição
de ciclomobilidade curitibana, é sediada na Bicicletaria Cultural.
A Bicicletaria também abriga uma galeria de arte (Foto: Fernanda Tieme Iwaya) |
A
Bicicletaria também é promotora da cultura curitibana. O empreendimento nasceu,
segundo Rosenbaum, apenas para suprir a demanda de falta de espaço para
estacionamento seguro de bicicletas na região central da cidade, entretanto, a
vocação criativa do artista plástico e da produtora cultural transformaram o
ambiente em um espaço para convivência e promoção cultural entre os amantes da
bicicleta.
O local
conta com uma agenda de eventos com encontros, palestras, fóruns e atividades
culturais relacionadas à ciclocultura. Rosenbaum explica que a intenção é
“fazer uma contaminação”. “As pessoas vêm estacionar a bicicleta e a gente
tenta associar as atividades culturais ao dia a dia do ciclista”. A
Bicicletaria Cultural oferece também serviços mecânicos às bicicletas enquanto
seus donos usufruem da galeria de arte localizada aos fundos.
Além da
programação esporádica, o espaço promove dois eventos mensais. Um é o p.Arte,
atividade de performances, coordenado pelos artistas Fernando Ribeiro e Tissa
Valverde. O outro é a palestra dos Cicloviajantes, em
que pessoas que viajaram o mundo de bicicleta dividem sua história com o
público interessado.
O diferencial da Bicicletaria Cultural não é apenas os serviços e a
galeria de arte que oferece, nem as iniciativas políticas que promove, mas sim
seu ambiente. O local possui um clima caseiro, que faz todos se sentirem a
vontade. “É um espaço livre pra criar e trazer novas ideias”, define Rosenbaum.
Para ele, o espaço está se tornando marcante em Curitiba, por unir ativismo,
serviços, arte e conforto.
Praça de Bolso do Ciclista
Localizada
em frente a futura Praça de Bolso do Ciclista, na região central da rua
Presidente Faria, a bicicletaria é responsável pelo desenvolvimento do projeto
da praça em parceria com a Cicloiguaçu e o Ippuc. A praça, que será construída
com a participação dos próprios ciclistas e cicloativistas, oferecerá um espaço
de apoio complementar aos ciclistas em geral e à própria Bicicletaria Cultural,
com disposição de ferramentas básicas, água, bomba de ar, bicicletário e área
para as crianças.
A iniciativa
impulsiona novos negócios dentro do âmbito de mobilidade urbana (Foto: Fernanda Tieme Iwaya) |
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