Falta de tempo e de interesse são fatores que podem levar as
pessoas a optarem por congelados e restaurantes
Reportagem Anna Jardanovsky
Cursos de culinária atraem curiosos e profissionais para um aprendizado mais profundo da área. Número de empregos gerados no setor aumentou cerca de 20% de 2006 para 2010 (Foto: divulgação)
Classificada por muitos como arte, a
culinária pode representar prazer para alguns – mas pesadelo para outros. De
acordo com um estudo conduzido pela rede de supermercados inglesa “Somerfield”,
70% dos adultos não sabem fazer ovo cozido e 83% não sabem quanto tempo leva
para fritar um bife
Um
exemplo desta inabilidade na cozinha é o do empresário curitibano Rodrigo
Federici, de 45 anos, que em casa se alimenta basicamente de congelados. “O
máximo que eu preparo é macarrão instantâneo com almôndegas, que eu compro
prontas, congeladas.” Federici conta também que sai para comer em restaurantes
em média duas ou três vezes por semana, no caminho do trabalho. “Não saio tanto
porque senão sairia muito caro. Se eu dispusesse de um pouco mais de tempo, eu
faria um curso de culinária. Meu trabalho me sobrecarrega demais, então chega
final de semana e eu só quero descansar”, argumenta.
Segundo a nutricionista Carla Leão,
o segredo para ter uma alimentação à base de congelados saudável está na
escolha inteligente dos alimentos e no tempo que ficarão congelados. A
nutricionista enfatiza que comida congelada não é apenas a famosa lasanha
pronta. “Há muita variedade de comida congelada saudável e de fácil preparo nos
mercados, como legumes, carnes, sopas... As pessoas que não sabem cozinhar
tendem a comprar muito macarrão instantâneo ou lasanhas de microondas, que são
algumas das piores refeições industrializadas, por serem ricas em sódio e
gordura saturada”, alerta a profissional.
A nutricionista explica também que a
maior parte dos alimentos não deve ficar congelado por mais de três meses.
“Alguns nutrientes são perdidos se a comida fica por muito tempo no freezer.
Descongelar e congelar novamente também não é recomendado. Mas, o ideal seria
sempre comer uma refeição preparada na hora”, afirma.
Para quem opta pela refeição
preparada na hora mesmo sem ter tempo para o seu preparo, os restaurantes são a
única – e cara – opção. Além da alta do preço dos alimentos nos últimos meses,
o presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Paulo
Solmucci, afirmou que os cardápios terão um aumento de preço de 10% a 12% durante
a Copa do Mundo. Esse aumento se deve principalmente a alta de 2,25% no preço
das bebidas, que representa cerca de metade do faturamento de bares e
restaurantes, segundo a associação.
Apesar de já se tornar raro, outro motivo
para o afastamento da cozinha, além da falta de tempo, pode ser também o fato
de simplesmente não se precisar cozinhar, como conta a aposentada curitibana
Eugênia Lemos de Almeida, de 62 anos. “Tenho a Joana, que é minha cozinheira já
há quase 40 anos. Ela chega aqui em casa às 10 horas da manhã e faz o almoço.
Depois de arrumar tudo, às 16 horas, ela começa a preparar o jantar, e de noite
eu só esquento. O único momento que eu vou pra cozinha é no café da manhã, para
fazer uma salada de frutas ou um pão com geleia e suco”, conta. Para a aposentada, a vida é mais cômoda
desse jeito. “Nunca tive interesse em cozinhar. Dessa forma, gasto meu tempo
com coisas que eu realmente gosto, como literatura e música. Meus netos já se
acostumaram que o ‘almoço de domingo na vó’ é na verdade o almoço de sábado
feito pela Joana”.
Mas,
para quem quer correr do preço dos restaurantes que pesam no orçamento no final
do mês, não tem uma profissional da cozinha à disposição ou quer evitar
congelados todos os dias, há uma saída: aprender a cozinhar.
Gustavo
Rasca, de 20 anos, sabia cozinhar apenas o básico quando decidiu fazer o curso
de Chef de Cuisine do Centro Europeu. “Fui fazer o curso porque sempre gostei
de culinária, sempre achei uma profissão interessante. Não sei se vou seguir, a
princípio estou fazendo para conhecimento próprio. No curso aprendemos tudo, da
culinária francesa e tailandesa até a gestão de um restaurante. É bem útil,
meus amigos jantam na minha casa todo o final de semana agora”, brinca Rasca.
Em Curitiba, há diversos cursos para quem quer aprender
apenas o básico, assim como para quem deseja aperfeiçoar os dotes culinários.
Na FAS (Fundação de Ação Social), as aulas são gratuitas, e os cursos vão desde
culinária básica até a preparação de ceias de Natal e Ano Novo. Na escola
Centro Europeu, há os cursos pagos anuais de Chef de Cuisine e Chef Gourmet – a
diferença é basicamente que o primeiro forma profissionais e o segundo apenas
amplia conhecimentos. Para mais informações, o contato da FAS é (41) 3240-1301
e do Centro Europeu (41) 3222-6669.
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