Além de reduzir
emissão de poluentes, a ideia tem gerado lucro a uma empresa de Curitiba que
trouxe a novidade do exterior.
Reportagem Júlio Boll
Rafael Leal chega a andar mais de 50 quilômetros por dia. “Já entreguei até uma mesa de computador de 32 quilos”, diz. (Foto: Jorge Bacellar/Divulgação) |
Uma possibilidade cada vez mais viável às empresas para
driblar o trânsito complicado de Curitiba tem sido o sistema de entregas por
bicicletas. A tendência, sucesso em diversas partes do mundo e em São Paulo,
chegou a capital paranaense há quase um ano com o trabalho da Curitiba
Messenger, que tem crescido muito nos últimos meses.
Pelo menos, é o que garante Andreza Soinegg, uma das
gestoras da companhia. O negócio possui uma central no bairro São Francisco e
cinco entregadores – que também são sócios da empresa e faturam suas próprias
comissões. Após alguns meses em formato embrião na Aldeia Coworking, empresa
que hospeda negócios ainda no início, a Curitiba Messenger já registra cinco
contratos fixos e 15 empresas esporádicas, de escritórios de advocacia a
academias.
Mesmo mais lentas em relação às motos, Andreza defende as bikes.
“Além de pensarmos no meio ambiente, fazemos isso por amor — é uma obrigação de
todos se preocupar com o planeta. Nossos serviços geram confiança no cliente
por sempre encaminharmos o mesmo ciclista e, no centro da cidade, por exemplo,
é mais rápido de entregar por não exigir estacionamento e outras dificuldades”,
justifica.
Para dar início ao projeto, não foi necessário muito
investimento. As taxas de manutenção e de criação foram financiadas,
principalmente, pela percentual que cada ciclista repassa por entrega para a
companhia. “Para começar, foi cerca de R$ 500. Fizemos um pouco de investimento
no marketing, com folders e site, e as bicicletas são cuidadas pelos próprios
donos – o que gera uma economia ao nosso caixa”, revela Andreza.
A economia também é um dos motivos para o serviço ser
sucesso em outras partes do mundo, sem falar na facilidade do meio de
transporte, que é mais leve e passa facilmente pelos carros em
congestionamentos. Mesmo assim, Andreza frisa que as “magrelas” sofrem muito em
Curitiba. “Se dirigir por aqui é complicado, imagine pedalar? Não é questão de
melhorar ciclovias, é a educação. Na autoescola, não se vê nada sobre
ciclistas. A pessoa não sabe fazer baliza, não sabe pilotar, não se aprende
mais nada direito. As ciclovias são péssimas e as pessoas não entendem que se
não as utilizamos , é porque não tem como”, reclama.
Andreza Soinegg é uma das proprietárias do Curitiba Messenger e também pedala. “Quando aperta o movimento, também vou para a rua”. (Foto: Jorge Bacellar/Divulgação) |
Paixão pelo o que faz
Para conseguir atender todos os pedidos, a Curitiba
Messenger, além dos seus cinco ciclistas, conta ainda com três funcionários freelancer – que são chamados caso a
demanda aumente. Preocupado com o meio ambiente, um dos sócios e ciclistas é o bike messenger Rafael Leal,
23, que já está acostumado com a rotina de pedalar entre 50 a 100 quilômetros
diariamente.
A rotina de pedalar com entregas – que podem ter até 10
quilos e somente acontecem dentro de Curitiba – já lhe rendeu algumas histórias
engraçadas. “O que eu levei de mais estranho foram quatro metros de espuma
casca de ovo pra um projeto acústico de uma sala. O mais legal foi um bumbo de
bateria e até uma mesa de computador”.
Mesmo com itens bizarros no currículo, ele diz que uma das
explicações para gostar do trabalho é a paixão pelo meio de transporte. “Gostei
de vez quando tive problemas com o carro do meu pai aos 19 anos e ele me proibiu
dirigir por um ano. Então, comecei a fazer tudo de bike e acabei comprando uma
bem boa. Passou um ano do meu castigo e nunca mais quis saber de carro”, conta
Leal.
Esse amor pelo o que faz é também a dica de Andreza para
quem quer começar seu próprio negócio. “Entender tudo da área onde se quer
começar e conseguir fazer troca de informações com pessoas do ramo é essencial.
Mas estar dos dois lados, ser chefe e funcionário ao mesmo tempo, é mais
importante ainda para saber o que subordinado passa, não se abster do
sofrimento e dos problemas”.
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