quarta-feira, 30 de abril de 2014

Bikes viram serviço de entrega em Curitiba


Além de reduzir emissão de poluentes, a ideia tem gerado lucro a uma empresa de Curitiba que trouxe a novidade do exterior.

Reportagem Júlio Boll

Rafael Leal chega a andar mais de 50 quilômetros por dia. “Já entreguei até uma mesa de computador de 32 quilos”, diz. (Foto: Jorge Bacellar/Divulgação)

Uma possibilidade cada vez mais viável às empresas para driblar o trânsito complicado de Curitiba tem sido o sistema de entregas por bicicletas. A tendência, sucesso em diversas partes do mundo e em São Paulo, chegou a capital paranaense há quase um ano com o trabalho da Curitiba Messenger, que tem crescido muito nos últimos meses.

Pelo menos, é o que garante Andreza Soinegg, uma das gestoras da companhia. O negócio possui uma central no bairro São Francisco e cinco entregadores – que também são sócios da empresa e faturam suas próprias comissões. Após alguns meses em formato embrião na Aldeia Coworking, empresa que hospeda negócios ainda no início, a Curitiba Messenger já registra cinco contratos fixos e 15 empresas esporádicas, de escritórios de advocacia a academias.

Mesmo mais lentas em relação às motos, Andreza defende as bikes. “Além de pensarmos no meio ambiente, fazemos isso por amor — é uma obrigação de todos se preocupar com o planeta. Nossos serviços geram confiança no cliente por sempre encaminharmos o mesmo ciclista e, no centro da cidade, por exemplo, é mais rápido de entregar por não exigir estacionamento e outras dificuldades”, justifica.

Para dar início ao projeto, não foi necessário muito investimento. As taxas de manutenção e de criação foram financiadas, principalmente, pela percentual que cada ciclista repassa por entrega para a companhia. “Para começar, foi cerca de R$ 500. Fizemos um pouco de investimento no marketing, com folders e site, e as bicicletas são cuidadas pelos próprios donos – o que gera uma economia ao nosso caixa”, revela Andreza.

A economia também é um dos motivos para o serviço ser sucesso em outras partes do mundo, sem falar na facilidade do meio de transporte, que é mais leve e passa facilmente pelos carros em congestionamentos. Mesmo assim, Andreza frisa que as “magrelas” sofrem muito em Curitiba. “Se dirigir por aqui é complicado, imagine pedalar? Não é questão de melhorar ciclovias, é a educação. Na autoescola, não se vê nada sobre ciclistas. A pessoa não sabe fazer baliza, não sabe pilotar, não se aprende mais nada direito. As ciclovias são péssimas e as pessoas não entendem que se não as utilizamos , é porque não tem como”, reclama.

Andreza Soinegg é uma das proprietárias do Curitiba Messenger e também pedala. “Quando aperta o movimento, também vou para a rua”. (Foto: Jorge Bacellar/Divulgação)

Paixão pelo o que faz

Para conseguir atender todos os pedidos, a Curitiba Messenger, além dos seus cinco ciclistas, conta ainda com três funcionários freelancer – que são chamados caso a demanda aumente. Preocupado com o meio ambiente, um dos sócios e ciclistas é o bike messenger Rafael Leal, 23, que já está acostumado com a rotina de pedalar entre 50 a 100 quilômetros diariamente.

A rotina de pedalar com entregas – que podem ter até 10 quilos e somente acontecem dentro de Curitiba – já lhe rendeu algumas histórias engraçadas. “O que eu levei de mais estranho foram quatro metros de espuma casca de ovo pra um projeto acústico de uma sala. O mais legal foi um bumbo de bateria e até uma mesa de computador”.

Mesmo com itens bizarros no currículo, ele diz que uma das explicações para gostar do trabalho é a paixão pelo meio de transporte. “Gostei de vez quando tive problemas com o carro do meu pai aos 19 anos e ele me proibiu dirigir por um ano. Então, comecei a fazer tudo de bike e acabei comprando uma bem boa. Passou um ano do meu castigo e nunca mais quis saber de carro”, conta Leal.

Esse amor pelo o que faz é também a dica de Andreza para quem quer começar seu próprio negócio. “Entender tudo da área onde se quer começar e conseguir fazer troca de informações com pessoas do ramo é essencial. Mas estar dos dois lados, ser chefe e funcionário ao mesmo tempo, é mais importante ainda para saber o que subordinado passa, não se abster do sofrimento e dos problemas”.


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