A lei do plano prevê todo o planejamento da cidade
com base no seu crescimento
Reportagem Aléxia Saraiva
O Plano Diretor prevê a construção de avenidas estratégicas que interligam pontos importantes da cidade. (Foto: André Andrade) |
Além de ano das eleições e da Copa do Mundo, 2014 também é o ano em que
o Plano Diretor de Curitiba deverá passar por uma revisão completa. O processo
começou no dia 17 de março, com a inauguração de oficinas nas regionais
administrativas de Curitiba para capacitar a população a participar das 19
audiências públicas sobre o tema que vão acontecer em maio, junho e setembro. A
participação ativa dos cidadãos é esperada pelo órgão responsável pela revisão,
o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), que além das
audiências também abriu um portal de discussão online sobre a lei do Plano,
disponível no site da Prefeitura de Curitiba.
Segundo o coordenador do Ippuc Miguel Roguski, a elaboração do novo
plano tem duas etapas: a redefinição dos objetivos e diretrizes das políticas
urbanas com base em uma análise geral da cidade - que vai acontecer ao longo
deste ano - e o detalhamento do plano, como a pavimentação das ruas ou as
políticas de segurança - que serão definidos até a metade de 2016. Ele explica
que, na fase atual, realiza-se tanto um diagnóstico técnico como um perceptivo:
“O primeiro vem de indicadores, como Curitiba ser reconhecida por ter o melhor
sistema de transporte coletivo do país. No entanto, se alguém está esperando o
ônibus há meia hora e ele ainda passa cheio, a sua percepção como cidadão é do
pior sistema de transporte do Brasil. Por isso a necessidade dos dois tipos de
percepção, uma técnica e uma vivenciada, percebida”. Roguski ainda explica que
são três os critérios de avaliação dos pontos do Plano Diretor:
sustentabilidade, respeito aos investimentos e o “bom-senso baseado em um bem
comum”.
Estão entre os principais pontos a serem revistos pelo Plano Diretor a
adequação da cidade aos impactos da construção e instalação do metrô e um plano
de mitigação dos impactos advindos das possíveis mudanças climáticas.
O professor e coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade
Federal do Paraná (UFPR), Paulo Chiesa, afirma que a principal demanda é a
integração da capital com sua região metropolitana. “Nós nunca tivemos um Plano
Diretor articulado com a Região Metropolitana de Curitiba. A capital estabilizou
sua taxa de crescimento em 0,5% ao ano, mas regiões como as dos municípios de
Pinhais e São José dos Pinhais crescem a 3,5% ao ano. Como os problemas de
Curitiba vão ser resolvidos - lixo, água, acessibilidade e mobilidade - se já
estamos conurbados com outros municípios?”. Para ele, o novo plano deve dar
atenção redobrada para três questões: habitação, saneamento básico e
mobilidade.
Para entender o que é
O Plano Diretor é uma lei municipal que define como será a aplicação do
Estatuto da Cidade, que estabelece normas que regulam a utilização do espaço
urbano para o bem da população. Todo município de no mínimo 20 mil habitantes
precisa ter um, e ele deve ser revisto a cada 10 anos. É função dele planejar o
crescimento da cidade como um todo.
Chiesa
explica não só a revisão é importante, mas também seu acompanhamento ao longo
dos anos. “O plano deve ser construído de forma participativa, mas com
capacitação. O Conselho Nacional das Cidades deve fiscalizar o Plano Diretor.
Conferências pró-forma não resolvem nada, é necessário ter atividades
permanentes ao longo do tempo”, ele afirma. O Conselho Nacional das Cidades
formula e implementa as políticas de desenvolvimento urbano e ajuda a
acompanhar e avaliar a sua execução, além de garantir a participação da
população na composição do plano e aplicação do Estatuto da Cidade. Sua revisão
é importante pois implementam normas que devem ser seguidas.
O
primeiro Plano Diretor de Curitiba foi elaborado em 1965. Segundo dados da
Prefeitura da cidade, ele se baseava em três pontos: o uso do solo, sistema
viário e transporte coletivo, e definiu a altura máxima das construções, o
tamanho das calçadas, a construção de parques com sistema de drenagem para
evitar enchentes e a estrutura dos biarticulados. Foi revisado pela primeira
vez apenas em 2004.
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